segunda-feira, 7 de julho de 2014

Cientistas estudam região colombiana em busca de cura para Alzheimer Com apenas 40, 50 anos de idade, moradores começam a perder a memória, a fala e toda a capacidade de raciocínio.

O Fantástico foi a uma região distante, nas montanhas da Colômbia, para conhecer pessoas vítimas de uma sina que desafia a ciência. Com apenas 40, 50 anos de idade, elas começam a perder a memória, a fala e toda a capacidade de raciocínio. O mistério está atraindo a atenção de médicos do mundo inteiro e pode guardar a chave para a cura de uma doença devastadora.  Nas montanhas do noroeste da Colômbia, gente ainda jovem já se esquece de tudo. “A memória se vai muito rápido. O que se sabe, logo se esquece”, conta uma moradora. “Ele não entende nada. Nada, nada. É raro quando entende alguma coisa”, relata uma mulher.“Ela chora e a gente não sabe por quê”, diz outra. Isso acontece há muitas gerações. Literalmente, há séculos. A doença, vista como uma maldição, tinha um nome popular: "la bobera" - a bobeira. Demorou, mas um dia ela saiu do universo da superstição e foi descoberta por um cientista. Essa história começa no Hospital San Vicente de Paula, o maior de Medellín. Era o ano de 1984 quando um médico recém-formado, chamado Francisco Lopera, atendeu um caso muito estranho. Era um homem de 47 anos, portanto, relativamente jovem e que já apresentava claros sinais da doença de Alzheimer. O doutor Francisco ficou intrigado, e conversando com o paciente descobriu que ele veio de uma aldeia a quatro horas de Medellín. E que, nesse vilarejo, muitas pessoas tinham exatamente a mesma doença. Gente jovem que ia se esquecendo de tudo e em pouco tempo estavam com Alzheimer avançado. O doutor Francisco decidiu conhecer essa história de perto, chamou a sua enfermeira de confiança e se embrenhou pelo interior montanhoso da Colômbia para investigar. Mas era uma época difícil de viver no país. Ainda mais para viajar. Nos anos 80, a Colômbia fervia e o centro da violência era Medellín. Nas ruas e vielas da segunda maior cidade colombiana, quem reinava era Pablo Escobar, o patrão de um cartel milionário e brutal de tráfico de cocaína. Na zona rural, a situação não era mais tranquila. Milícias paramilitares de extrema direita agiam por ali. E a guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias, as Farc, naquela época muito mais fortes do que hoje, combatia o exército em meio às montanhas. Assim, o trabalho do médico Francisco Lopera não era só uma missão científica: era também uma aventura. Francisco Lopera, neurologista: Sequestraram uma enfermeira por três dias, junto com as amostras de sangue. Parece que eram as Farc, mas não temos certeza. Era um grupo de guerrilheiros. Hoje, 30 anos depois, não existe mais um clima tão pesado de violência. Mas o acesso aos povoados onde vivem os pacientes continua bem difícil. Não tanto pela distância, a cerca de 100 quilômetros a partir de Medellín. Mas pelas estradas, que são estreitas, passam por dentro das cidadezinhas, e às vezes nem são asfaltadas.
G1.com - por Jaime


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