quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Agricultores encontram a paz no diálogo
 
Em dezembro de 2003, o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva esteve na Maísa, em Mossoró, e prometeu transformar uma área de 19 mil hectares numa espécie de "nova arizona" em 2 anos. Não se concretizou. Motivo: havia uma disputa de terra ferrenha entre os trabalhadores que já moravam no lugar há mais de 3 décadas e os integrantes do Movimento dos Sem Terra, Sindicato dos Trabalhadores Rurais e ainda da Pastoral da Terra.
O assentamento modelo no País prometido pelo presidente Lula não se concretizou até hoje, mas o conflito chegou ao fim no período de 2005 a 2006. Os moradores sentaram à mesa e conversaram. Não foi tarefa fácil. Os trabalhadores da Maísa queriam 60% da área, conforme havia prometido o presidente Lula a eles. Já o MST, Sindicato e Pastoral da Terra defendiam partilha igual.
Com cada grupo defendendo seus interesses, aconteceram ameaças partindo de todos os lados. Conversas acaloradas por diversas vezes foram registradas. A Polícia Militar de Mossoró foi chamada em algumas situações para reforçar a segurança na vila principal. Mas, no final, o diálogo fluiu, as partes cederam e a divisão das 19 mil hectares da fazenda Maísa aconteceu.
O trabalhador rural Claudionor Lopes dos santos, o Canoa, de 49 anos, residente na Vila Maísa (tem 750 casas) há 36 anos, conta que eles ficaram com as áreas conhecidas por APAMA, Angico e União. Já MST ocupou as áreas chamadas Pomar, Apodi, Montana e Real. O Sindicato e a Pastoral ocuparam a área conhecida por Vila Nova I, II e III. Feita a divisão, começou as obras de construção das casas das 11 vilas, que foi concluída no período de 2009 a 2010.
Do ponto de vista estrutural existe um diferencial enorme entre as vilas recém construídas e a vila Maísa. Enquanto as primeiras têm pouca água e energia, a vila Maísa tem água, escolas, postos de saúde, é toda saneada e os moradores são organizados. Eles mesmos administram a distribuição de água. Já as outras áreas têm algumas que os moradores ainda estão em casas de lona, de barro e vara, e vivem em situação de extrema pobreza.
Há mais de dois anos que os mais de 1.100 famílias de colonos aguardam o Governo Federal liberar os recursos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), que financia projetos individuais ou coletivos. "No caso, precisamos destes recursos para cercar nossas áreas, comprar animais, preparar terra, plantar e melhorar as áreas de acerola já em produção", conta o colono Luis Carlos Stochlir, o Paraná, da Vila Pomar
O presidente da Associação da comunidade Pomar, na Fazenda Maísa, Aurimberg Leite de Sousa, conta que Stochlir consegue evitar que os conflitos aconteçam com diálogo. "Ele é verdadeiro com os moradores". Berg, como é mais conhecido, diz que o conflito pela divisão das terras no início era inevitável, pois as opiniões divergiam umas das outras. "Hoje vivemos em paz, apenas esperando pela boa vontade do Governo em liberar nosso Pronaf", conclui.
Fonte/Jornal de Fato - por Jaime

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