Rio (AE) - O comandante da Polícia Militar do Rio, coronel Mário Sérgio  Duarte, admitiu a participação de PMs na execução da juíza Patrícia  Acioli, no dia 12, depois que exames da Divisão de Homicídios revelaram  que pertencem ao paiol da corporação os projéteis que mataram a  magistrada. A Corregedoria da corporação vai apurar o desvio da munição  para pistola calibre .40, uma das armas utilizadas no assassinato. 
O  coronel disse que "trabalhava com a possibilidade" de envolvimento de  policiais desde o dia do crime e apontou que houve a participação de PMs  "no mínimo em alguma fase, da execução até a preparação" do  assassinato. A suspeita do envolvimento de policiais na execução começou  quando os peritos da Divisão de Homicídios (DH) encontraram no local do  crime dois estojos de munição deflagrada de pistola .40, arma que é  usada por 5 mil policiais da corporação. 
Em seguida, exame no  laboratório de perícia revelou, pela marca impressa a laser nesses  estojos, que a munição pertencia a um lote de 10 mil projéteis vendido  pela Companhia Brasileira de Cartuchos à PM. Registros da Secretaria de  Segurança apontam que a munição foi distribuída para três batalhões,  incluindo o 7º (São Gonçalo), onde trabalhava a maioria dos 60 policiais  condenados pela magistrada. Também foram abastecidos os batalhões de  Niterói e Itaboraí. 
Desde a Lei 10.826/2003, toda munição  fabricada no País tem a identificação do lote e do adquirente nos  projéteis. No Rio, 80% dos homicídios são praticados com munição  identificada, o que facilita o rastreamento. A outra arma utilizada no  assassinato da juíza foi uma pistola calibre 45, de uso exclusivo das  Forças Armadas. Estojos da munição dessa arma também foram recolhidos  pela perícia. 
A falta de controle da PM sobre a munição retirada  dos batalhões pelos policiais impede a identificação imediata dos PMs  que estariam envolvidos no crime. No entanto, as investigações estão  avançadas e concentradas em um grupo de policiais que integravam o 7º  BPM e também pertenciam a grupos criminosos em São Gonçalo. 
 Dois  processos administrativos encerrados pelo Tribunal de Justiça do Rio  (TJ-RJ) em 2009 e em 2011, a que a reportagem teve acesso, concluíram  que não havia "nenhum fato digno de registro com relação a ameaça"  contra Patrícia Acioli.
Segundo o desembargador Luiz Zveiter,  presidente do TJ-RJ entre fevereiro de 2009 e janeiro de 2011, Patrícia  enviou relatórios sobre as ameaças, mas não solicitou escolta e não se  manifestou após a decisão da instituição. "Todas as informações foram  apuradas e verificou-se que nenhuma delas tinha fundamento. Não havia  necessidade de conceder ou reforçar a segurança." 
Fonte/Tribuna do Norte - por Jaime

 
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