Mercado absorve 2 vezes mais homens
O Rio Grande do Norte é um Estado feminino. De acordo com o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 51,12% da população é composto de mulheres. No entanto, quando o assunto é emprego, os números viram. Estatísticas do Cadastro Central de Empresas (CEMPRE) revelam que as mulheres representam apenas 33,1% das ocupações formais no RN. Embora seja minoria, os homens ocupam duas vezes mais o mercado de trabalho do que a mulher e com salários bem maiores.
A pesquisa, realizada em 2009, mostra que, no Brasil, os homens ocupam 58,1% das ocupações com carteira assinada e têm salários 24,1% maiores do que as mulheres. Eles também ocupam 15 das 20 atividades econômicas. O setor onde a mulher mais se destaca é o das microempresas, ainda assim elas só representam 45,7%.
A rede de farmácias do empresário apodiense José Maria da Silva é um exemplo desse último número. O quadro de funcionários é o oposto da estatística de emprego do Cempre, sendo 70% mulheres e 30% homens. Segundo o empresário, isso acontece porque o número de mulheres com qualificação para esse segmento do comércio é muito maior do que de homens. "Um requisito para a contratação em nossa empresa é que o funcionário tenha ao menos o curso técnico de enfermagem e, nesse caso, as mulheres são maioria", explica.
José Maria, que também é vice-presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Norte, esclarece que depende muito do ramo. "No caso de uma loja de móveis, por exemplo, o empregador precisa de motoristas, carregadores, arrumadores, profissões que, geralmente, são ocupadas por homens", completa.
Para o empresário, a mulher leva vantagem no atendimento e nas tarefas que requerem mais atenção. "As mulheres têm mais habilidade para o contato direto com o cliente e são mais cuidadosas até na hora de se apresentar ao posto de trabalho", argumenta José Maria.
A pedagoga Gilsânia Dias Soares, 33, coordenadora do Centro de Referência Social (CRAS-Mossoró) e professora de uma universidade particular, conta que nos seus ambientes de trabalho a situação está mais equilibrada, mas o homem ainda é maioria. "Nos cursos de Direito e Engenharia de Produção, nos quais eu ensino, o número de homens é maior do que o de mulheres", conta.
Na assistência social da Prefeitura, ela revela que, das famílias assistidas, a maioria das mulheres, geralmente, são donas de casa ou estão em profissões que não são reconhecidas.
Solteira, Gilsânia disse que a maioria das mulheres ao seu entorno também priorizaram o lado profissional. "Grande parte é solteira como eu", enfatiza. Para ela, é possível que tivesse vencido na vida mesmo sendo casada e tendo filhos, mas acredita que seria mais difícil. "Até conseguiria, mas com o ritmo que tenho hoje, seria muito puxado", conclui.
A pesquisa, realizada em 2009, mostra que, no Brasil, os homens ocupam 58,1% das ocupações com carteira assinada e têm salários 24,1% maiores do que as mulheres. Eles também ocupam 15 das 20 atividades econômicas. O setor onde a mulher mais se destaca é o das microempresas, ainda assim elas só representam 45,7%.
A rede de farmácias do empresário apodiense José Maria da Silva é um exemplo desse último número. O quadro de funcionários é o oposto da estatística de emprego do Cempre, sendo 70% mulheres e 30% homens. Segundo o empresário, isso acontece porque o número de mulheres com qualificação para esse segmento do comércio é muito maior do que de homens. "Um requisito para a contratação em nossa empresa é que o funcionário tenha ao menos o curso técnico de enfermagem e, nesse caso, as mulheres são maioria", explica.
José Maria, que também é vice-presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Norte, esclarece que depende muito do ramo. "No caso de uma loja de móveis, por exemplo, o empregador precisa de motoristas, carregadores, arrumadores, profissões que, geralmente, são ocupadas por homens", completa.
Para o empresário, a mulher leva vantagem no atendimento e nas tarefas que requerem mais atenção. "As mulheres têm mais habilidade para o contato direto com o cliente e são mais cuidadosas até na hora de se apresentar ao posto de trabalho", argumenta José Maria.
A pedagoga Gilsânia Dias Soares, 33, coordenadora do Centro de Referência Social (CRAS-Mossoró) e professora de uma universidade particular, conta que nos seus ambientes de trabalho a situação está mais equilibrada, mas o homem ainda é maioria. "Nos cursos de Direito e Engenharia de Produção, nos quais eu ensino, o número de homens é maior do que o de mulheres", conta.
Na assistência social da Prefeitura, ela revela que, das famílias assistidas, a maioria das mulheres, geralmente, são donas de casa ou estão em profissões que não são reconhecidas.
Solteira, Gilsânia disse que a maioria das mulheres ao seu entorno também priorizaram o lado profissional. "Grande parte é solteira como eu", enfatiza. Para ela, é possível que tivesse vencido na vida mesmo sendo casada e tendo filhos, mas acredita que seria mais difícil. "Até conseguiria, mas com o ritmo que tenho hoje, seria muito puxado", conclui.
NÍVEL SUPERIOR
Na mesma pesquisa foi mostrado que apenas 6,1% dos trabalhadores potiguares, menos de 20 mil, têm nível superior e ganham 225% mais do que o nível médio. Para o IBGE, num Estado onde 93,9% das pessoas ocupadas assalariadas nas organizações ativas não possuem o terceiro grau, observa-se a necessidade urgente da qualificação da força de trabalho.
O homem trabalha e a mulher cuida da casa
De acordo com a coordenadora do Centro Feminista 8 de Março (CF8), Conceição Dantas, os dados do Cadastro Central de Empresas (CEMPRE) mostram o tamanho da contradição do mercado empregador brasileiro. Segundo ela, as mulheres têm mais tempo de estudo e preparação e, mesmo assim, ainda são minoria nos empregos. "As mulheres são consideradas ilegítimas no mercado de trabalho porque, na visão de parte dos empregadores, a qualquer momento precisarão sair para cuidar dos filhos ou da família", mostra.
Conceição chama essa visão de "conceito de divisão sexual do trabalho", ou seja, que considera que os homens são responsáveis pelo trabalho e a mulher pela casa.
Para a coordenadora, é como se as empresas pensassem que a mulher é sempre uma empregada provisória, já que recai sobre ela as maiores responsabilidades da família. "E não estou falando somente do filho, mas também do próprio marido, dos sogros ou dos pais", denuncia Conceição, reclamando ainda que, embora tenha tripla jornada, a ocupação de casa é considerada como "não-trabalho" e, por isso, está na invisibilidade das ocupações.
A coordenadora do CF8 acredita que a cultura patriarcal da sociedade também reflete nos números. Ela lembra que o homem não gosta de ser visto "sustentado" por mulher. "Quando a mulher ganha mais, por exemplo, ela mesma tem vergonha de pagar conta, por isso, muitas vezes entrega o dinheiro ao marido em casa antes de saírem", completa.
De acordo com a coordenadora do Centro Feminista 8 de Março (CF8), Conceição Dantas, os dados do Cadastro Central de Empresas (CEMPRE) mostram o tamanho da contradição do mercado empregador brasileiro. Segundo ela, as mulheres têm mais tempo de estudo e preparação e, mesmo assim, ainda são minoria nos empregos. "As mulheres são consideradas ilegítimas no mercado de trabalho porque, na visão de parte dos empregadores, a qualquer momento precisarão sair para cuidar dos filhos ou da família", mostra.
Conceição chama essa visão de "conceito de divisão sexual do trabalho", ou seja, que considera que os homens são responsáveis pelo trabalho e a mulher pela casa.
Para a coordenadora, é como se as empresas pensassem que a mulher é sempre uma empregada provisória, já que recai sobre ela as maiores responsabilidades da família. "E não estou falando somente do filho, mas também do próprio marido, dos sogros ou dos pais", denuncia Conceição, reclamando ainda que, embora tenha tripla jornada, a ocupação de casa é considerada como "não-trabalho" e, por isso, está na invisibilidade das ocupações.
A coordenadora do CF8 acredita que a cultura patriarcal da sociedade também reflete nos números. Ela lembra que o homem não gosta de ser visto "sustentado" por mulher. "Quando a mulher ganha mais, por exemplo, ela mesma tem vergonha de pagar conta, por isso, muitas vezes entrega o dinheiro ao marido em casa antes de saírem", completa.
Fonte Jornal de Fato
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